Heaven's Door

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Aviso: Esse texto é baseado na música KNOCKING ON HEAVEN'S DOOR, só que eu me inspirei na voz da Avril cantando, não do Axl nem do Bob.



Minhas botas ainda continuam cheias de barro e sangue, minhas mãos continuam cobertas pelas luvas da corporação. Um último suspiro foi dado por mi, meus olhos se fecharam, evistando olhar para tudo aquilo ao meu redor. Gente morta, soldados sendo violentados. Tirei o boné da cabeça. Eu era um garoto, não um soldado, todo aquele tempo em nome da pátria para ver toda minha família morrer com tiros alojados em seus corpos, e a única coisa que eu podia dizer era "Mãe, jogue minhas armas no quintal, não posso mais usar esses distintivos." Finalmente a porta do céu estava se abrindo.


Eu posso sentir o sangue pulsar em minhas veias, quentes, correndo como se o fogo estivesse queimando um fio de pólvora traçado por uma corporação inimiga. Os dias passam como se rastejassem, eu só queria voltar para casa.

─ Sargento Um Sete Nove, postura! ─ gritou o General, meus braços se puseram firmes, ao lado de meu corpo.
─ Vamos, Quatro Mil e Sete! ─ gritava o mesmo enquanto chutava algumas canelas que por ali estavam, sem permissão.


─ Um, dois, um, dois, um, dois... ─ ele impunha o ritmo da tropa, que marchava em rumo a morte. ─ Vamos, vamos! Um, dois, um, dois, um, dois! ─ continuou rigidamente com os braços colados ao corpo, assim como toda a corporação. Eu queria apenas encontrar a porta pro céu. "É preciso pagar para entrar por ela." era a descrição que o General sempre me dava quando eu tocava nesse assunto.
─ Pagar sendo alguém... ─ terminei a frase que começou no pensamento fútil. Meus olhos procuraram por algum lugar para que eu me aquecesse, pois agora já chovia.


Avistei ao longe ─ ao lado de algumas pedras ─ uma criança, ela apertava os dedos do pé, lamentando por algo. Corri até a mesma, ouvi alguns gritos do General, mais não importava, aquele era o futuro do país, uma criança... Ela estava chorando desesperadamente, não queria demonstrar as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Era uma garota.

─ Você é um homem? ─ perguntou ela, ainda aos soluços, um sorriso pareceu surgir no rosto com uma ponta de dúvida.
─ Sim, eu sou. ─ respondi, num sussurro. ─ Vamos sair daqui. ─ concluí, erguendo o corpo da garota para que pudéssemos entrar em alguma hospedagem, mas como eu iria achar uma pensão ou algo assim no meio de tanta desgraça?


Já anoitecia, agora a criança estava deitada sobre meu casaco camuflado, ela sorria, seus olhos brilhavam naquela escuridão imensa que faziadentro daquele barraco amadeirado.
─ Quando eu crescer, vou ser como você. ─ comentou, antes de fechas os olhos. Uma lágrima imediatamente desceu pelo meu rosto, a procura de abrigo, morreu em meus lábios secos, suspirei, olhando a garotinha que nem ao menos eu sabia o nome. Ela já dormia. Um sorriso estava presente em sua aparência dócil. Ao me aconchegar ao lado dela senti uma dor indescritível, uma bala perfurara meu peito e o atravessara até cair no chão, um estalo de vidro se quebrando na verdade era uma bala anunciando mais uma morte.


O sangue vagarosamente parou, como se encontrasse seu lugar. Então veio a escuridão... Mas dessa vez, era uma escuridão tão eterna quanto as lágrimas que a garota ─ a qual eu encontrára no meio da guerra─ havia derramado sobre os corpos secos de seus pais mortos.

2 comentários:

Juh Oliveto disse... Responder comentário

Adoro essa música e achei muito legal você escrever um texto inspirado nela. :)
Deveria fazer isso mais vezes, viu?

Desculpa o sumiço, vou tentar passar sempre, mas ME COBRA! :P

Beijocas!
Juh Oliveto
Livros & Bolinhos ~

Hoho'n disse... Responder comentário

Essa música é linda e o texto tambem ficou muito lindo, adorei amr!
Super beijinhos :*

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