Eu traço o meu destino

Ele apossou-se do pequeno café, suas mãos estavam geladas e ele aguardava por um pouco de bebida. O relógio badalava pela segunda vez e o tempo corria como se seu crânio tivesse sendo massacrado; sua imortalidade sendo afastada. As janelas semi-abertas captavam ainda mais o aroma nativo. Seu olhar demonstrava a derrota vinda à tona e sua garganta implorava por um pouco do veneno que sempre o alimentou. Isso já se tornava uma eterna caçada oposta. Notara que as portas elétricas da plataforma do metrô se fechavam e que algo estava errado por ali, ele precisava de um pouco de ar. Todos se apossavam do Café, todos estavam assustados. Havia um tumulto do lado de fora do mesmo, pessoas conversam sobre nada, gritavam sem saber qual o verdadeiro motivo das portas fechando-se. Aquilo não cheirava bem. Ele conseguia ouvir os batimentos de todos ao seu redor, conseguia sentir suas veias pulsarem e conseguia sentir seus caninos implorando pelo pouco do líquido avermelhado e amargo; sem desafios. Aquilo no qual todas ali possuíam. Ele inalava o perfeito aroma da vitória, sentia sangue fresco sendo derramado sob um prato deliciosamente saboroso. Seu corpo estava em sintonia com os batimentos, os acordes passavam das cordas destroçadas; uma dança com movimentos estratégicos. Nesse momento suas garras já estavam ao teto e seu corpo logo ao lado de fora da janela do pequeno Café. Ele podia sentir o cheiro amargo e sentir as balas perfurarem-no, seu sorriso chamou atenção do pequeno policial a pouca distância. Sem o toque. Depois disso, nada se soube do policial ou das pessoas que estavam esperando aquele metrô. Metrô 5326, amarre um laço vermelho em seu dedo mindinho e nunca se esqueça deste número. Acorde dos seus sonhos mais infiéis.

“Eu traço o meu destino, pobre mortal”